CIRURGIA ESPIRITUAL‏

17-11-2011 23:37
 
   
 
 

Na verdade, a cirurgia espiritual não é consenso entre os espíritas. Muitos acreditam que a prática dá margem ao charlatanismo e não deveria ser realizada. De qualquer forma, o fenômeno da medicina espírita intriga a ciência e tem suscitado a realização de estudos. Um deles foi feito no Núcleo de Estudos de Problemas Espirituais e Religiosos do Hospital das Clínicas de São Paulo, vinculado à Faculdade de Medicina da USP. Os cientistas acompanharam o trabalho de um famoso cirurgião espiritual de Goiás em seis pacientes. Eles verificaram que, embora não tivesse sido dada anestesia, praticamente não houve queixa de dor. Também não havia assepsia, mas nenhum doente teve infecção no período observado (quatro dias). "Houve intervenção na região afetada, mas não podemos garantir que funcionou", observa o psiquiatra Alexander Almeida, coordenador do núcleo. Outro médico que também faz pesquisas é o psiquiatra Sérgio Felipe de Oliveira, presidente da Associação Médico-Espírita de São Paulo. "Há evidências suficientes para que a ciência se interesse pelo assunto. Na minha clínica, observo que quem recebe atendimento médico e espiritual toma menos remédios e adere melhor ao tratamento em relação aos que só passam pela consulta", afirma.
Pesquisa - Oliveira é um dos cientistas que defendem o aprofundamento das investigações sobre a medicina e a espiritualidade, até para que seja possível encontrar a resposta para os casos bem-sucedidos desse casamento. A idéia é estudar não só os efeitos das práticas espíritas, mas o poder da oração e da fé, por exemplo. Essa proposta já é seguida por instituições estrangeiras. Alguns cientistas chegaram a conclusões interessantes. "A religiosidade fortalece o sistema de defesa dos pacientes", disse a ISTOÉ Harold Koenig, da Universidade de Duke. Porém, nem sempre os tratamentos que unem medicina e religiosidade, inclusive o espiritismo, têm final feliz. Por isso, muitos cientistas vêem com reservas essa relação. O psiquiatra Richard Sloan, da Universidade de Columbia (EUA), é radical. "Os estudos feitos até agora são fracos. Não mostram evidências de que a espiritualidade pode ajudar no tratamento", disse a ISTOÉ. Para o infectologista Caio Rosenthal, de São Paulo, não cabe ao médico entrar nessa área. "Ele deve se ater àquilo que é comprovado pela ciência", defende. Já o Conselho Federal de Medicina não critica os médicos que estimulam a prática religiosa a seus pacientes. "Mas somos contra as pessoas que praticam a medicina sem ser médicos, como as que realizam as cirurgias espirituais", avisa Luiz Salvador de Miranda Sá Júnior, primeiro secretário do CFM.

Confiança na cirurgia
 
Há cinco anos, a católica Maria de Lourdes Bueno da Silva, 60 anos, moradora de Leme (interior paulista), descobriu um câncer de mama. Muito assustada com a doença, ela resolveu tratar não só do corpo como também do espírito. Foi por isso que fez uma cirurgia espiritual logo após a operação para a retirada do nódulo. "Cuidar de mim de uma forma completa me fez muito bem", lembra. Concluída a operação no
centro espírita de Waldemar Coelho, Maria de Lourdes se sentiu fortalecida. "O médium me disse que fosse embora tranquila, pois estava curada", comenta. Dias depois, ela se submeteu a outra intervenção, desta vez tradicional, para retirar tecidos da região afetada e, assim, garantir que o câncer não reaparecesse. Maria de Lourdes assegura que naquele momento já estava mais segura. "O apoio do meu médico e da minha família para que eu fizesse a cirurgia espiritual foi fundamental", completa.

Belo progresso
 
A treinadora do Flamengo e deputada estadual Georgette Vidor (PP), 45 anos, ficou paraplégica após um acidente de ônibus em maio de 1997. Dois anos depois, decidiu dar mais atenção à sua espiritualidade. "Comecei a receber passes. Não achava que aquilo iria me tirar da cadeira de rodas. Queria me tornar uma pessoa melhor", explica. Mesmo com toda a adrenalina de treinadora, ela dava um jeito de não faltar às sessões. Mas, depois que começou a campanha para deputada, em 2002, não deu mais. "Sinto uma falta danada", comenta, lembrando-se com carinho dos círculos em que as pessoas - muitas delas em cadeiras de roda, como ela - se davam as mãos. Embora lamente o acidente até hoje, admite que conseguiu o objetivo de se aprimorar. "Meus amigos até me dizem que eu era muito carrancuda e fiquei mais bonita", festeja.
 
  MEDICINA & BEM ESTAR 28/05/2003
Capa

Esperança renovada
 
Há nove anos, a feirante Conceição (nome fictício), 39 anos, descobriu que era soropositiva. Desde então, toma os remédios anti-Aids e há quatro anos frequenta uma clínica que oferece apoio psicológico e espiritual. Ela recebe passes e reza. Recentemente, Conceição precisou de mais ajuda. Em 2001, engravidou. Ela não sabia que o bebê corria o risco de ser contaminado e deveria se submeter a um tratamento médico rigoroso para diminuir essa possibilidade. Quando a criança nasceu, exames mostraram que o
bebê poderia ser portador do HIV porque apresentava anticorpos contra o vírus."Só não fiz uma loucura porque me apeguei ao atendimento espírita", conta. Na semana passada, ela teve uma
boa notícia. Os médicos disseram que seu filho, de quase dois anos, está livre do vírus. Ele tinha no organismo apenas os anticorpos, passados pela mãe.

Equilíbrio e proteção
 
Desde 1995, Elba Ramalho, 51 anos, é frequentadora assídua
do centro espírita Lar de Frei Luiz, no Rio. A cantora já fez diversos tratamentos. Numa ocasião, sentiu pontadas estranhas na região do fígado. Elba foi operada em uma sessão de materialização - em que um espírito se materializa, segundo a doutrina espírita. No Frei Luiz, o principal médico a realizar esses trabalhos é o espírito do doutor Frederick, um alemão nazista que viria do além para limpar seu carma. "Ele abriu minha barriga inteira com seu dedo. Jorrava sangue. Disse que eu tinha uma carga muito grande nessa região, que poderia se transformar em doença no futuro próximo", recorda-se. Elba afirma que recorre ao centro não apenas em busca de cura física e espiritual. "Frei Luiz me dá proteção, equilíbrio e muita paz", diz.

 

 
   
 
 



Cirurgia Espiritual - Como Sou kardecistas, seguidor da doutrina dos espíritos

A doutrina esta baseada e fundamentada na trilogia "Empenho(trabalho), (Solidariedade)humanidade e(Empenho)Tolerância", princípios que seu codificador passou com muita precisão aos seus seguidores.

É comum ouvirmos que Espiritismo não é religião e sim doutrina, pois não possui em sua prática apresentações de rituais, ou guarda em sua história demonstrações de domínios de massas ou gerações.

Na verdade, não julgamos estas ponderações como ofensa, pois temos a plena convicção que o Espiritismo não será a religião do futuro, mas sim, o futuro de todas as religiões, que caminharão de forma a tornar pleno o que o mestre Jesus já pregou: "Haverá um só povo, um só rebanho e um só Pastor".


Fatalmente todas as religiões estão aos poucos concluindo a necessidade da espiritualização do homem em contraponto com as distorções dos ensinamentos voltados a riquezas materiais, a necessidades do trabalho altruísta, da solidariedade construtiva, do "ensinar a pescar", da tolerância, da pacificação e do amor pleno. Obviamente também os próprios espíritas precisam ajudar nestas descobertas, agindo com maior sensatez e abertura aos novos horizontes que se descortinam.

Não existem tentativas de mudar a verdade, mas sim de torná-la cada vez mais plena, através da própria evolução dos homens que têm a real necessidade de melhor compreensão, por isso a ciência, a filosofia, a história.

Conceber a vida com sua multidimensionalidade, significa entender que temos espírito e este é imortal. Significa entender que não morrendo junto com o corpo, o espírito sobrevive, estando em algum lugar do espaço, mesmo que em outras dimensões ou até em estado diferente da matéria, podendo continuar sentindo os mesmos sentimentos desenvolvidos quando encarnado, porém em condições distintas, e com possibilidades de comunicação e trocas com aqueles que lhes interessam (em vista do sentimento de afinidade entre eles), especialmente quando esta comunicação serve para auxiliar aqueles que aqui permanecem tecendo sua senda evolutiva.

Estas são as únicas diferenças filosóficas e teológicas do espiritismo para com as outras religiões cristãs.

Em todas as religiões conhecidas, a possibilidade de comunicabilidade com os espíritos são plenamente aceitas ( existe apenas divergência quanto à categoria destes espíritos) .

Todos admitem, por exemplo, a incorporação e/ou a influenciação do Divino Espírito Santo, que de diferente dos Kardecistas está só o nome (Divino e Santo).

Afirmamos nossa convicção de que o espírito ao atingir um grau de evolução considerável, passa a uma categoria evolutiva capaz de auxiliar a aqueles que lhe pedem ajuda, nas lides da caridade, do amor, da solidariedade.

Executando tarefas condizentes com sua postura integral, colaborando para a ascensão dos que cruzam por momentos de expiação, dor, perdas, crescimento, amadurecimento, etc.

Nesta categoria de espíritos estão o que chamamos de guia protetor, anjo da guarda, mentor, patrono, colaborador do espaço, enfim as mais diversas formas de identificar um espírito de luz.

 

Conscientização

 

A conscientização do indivíduo sobre a causa da doença ajuda a acelerar o processo da cura, de forma mais consciente. O microcosmo dentro deste laboratório corpóreo (corpo físico) tem condição de se organizar com a ajuda do mundo energético ou espiritual. Este tratamento independe da fé, religião, crença ou filosofia de vida. Durante o tratamento, é importante que o indivíduo, esteja aberto para as mudanças necessárias, é o investimento em si mesmo. O homem é um grande laboratório plasmador, receptor, emanador das energias. As doenças são plasmadas inconscientemente, através do corpo emocional que é, dos corpos, o mais difícil de ser equilibrado.
A cobrança em todos os sentidos tem sido o veículo das somatizações gravadas pelas suas glândulas, dependendo de como o indivíduo recebe cada emoção. Consideramos o corpo físico como um aparelho que comporta uma carga xis de energia (pensamentos e sentimentos), quando esta carga é exagerada, a hipófise (glândula pituitária) transfere o excesso desta carga para os órgãos na tentativa de ajudar o corpo físico, a não ter choque fulminante, a glândula divide esta carga para os órgãos. Muitas vezes não suportam o excesso, eles se danificam gerando aparecimento de outras doenças.

 

Após a conscientização, os médicos espirituais utilizam o bastão de cristal para refazer, religar o corpo energético (corpo elétrico), auxiliando as células do corpo físico a se refazerem. Durante a cirurgia espiritual, há a utilização de aparelhos energéticos trazidos do mundo etéreo (outras dimensões). Não há cortes no corpo físico.

 

Conceito

 

Doença e saúde são conceitos singulares, pois se referem ao estado das pessoas, e não, como se costuma dizer de órgãos ou partes do corpo. O corpo nunca esta só doente ou só saudável, visto que nele se expressam realmente as informações da consciência. O corpo nada faz por si mesmo; disto podem certificar-se todos, basta observarem um cadáver.
O corpo de um ser humano vivo deve seu funcionamento exatamente àquelas duas instâncias imaterial as que denominam consciência (alma) e vida (espírito). A consciência apresenta as informações que se manifestam no corpo e que se tornam visível. O mesmo vale dizer que, a consciência esta para o corpo como um sinal de radio esta para com um receptor.

 

Tudo que acontece no corpo de um ser vivo é a expressão do padrão correspondente na sua consciência. O pulsar do coração, a temperatura do corpo, as glândulas e os anticorpos são ritmados, mantidos, segregados e formados pelo padrão correspondente de informação, cuja origem é a própria consciência. Quando as varias funções corporais se desenvolvem em conjunto segundo uma determinada maneira, aparece um modelo que sentimos como harmonioso e que, por isso, recebe o nome de saúde. Se uma função falha.

Ela compromete a harmonia do todo e então falamos de doença. Frisamos que a doença é a perda relativa da harmonia, ou o questionamento de uma ordem até então equilibrada. A questão da perturbação da harmonia acontece unicamente a nível de consciência, que é a parte espiritual do ser, porquanto a mostra pura e simplesmente acontece no corpo. O corpo nada mais é do que a apresentação ou o âmbito de concretização da consciência e, consequentemente, também de todos os processos e modificações que nela ocorrem.

 

Podemos saber quando a consciência de uma pessoa esta desequilibrada, pelo fato da mesma tornar visível e palpável na forma de sintomas corporais o seu desequilíbrio. Por isso devemos afirmar que é o ser humano que esta doente e não o seu corpo. Considerando que este ser humano doente, simplesmente esta se mostrando doente através dos sintomas que são os sinais visíveis e palpáveis no seu corpo físico, porem, fruto do desequilíbrio da consciência. (Quando uma tragédia é representada no palco, não é o palco que é trágico, mas a peça teatral!)

 

Doença - âmbito da consciência.

Sintoma - âmbito corporal.

 

 

Assim que um sintoma se manifesta no corpo de um ser humano, isto logo chama a atenção e interrompe muitas vezes a continuidade do caminho de vida até então vigente. O sintoma é uma necessidade da própria consciência, que o usa para chamar atenção sobre uma perturbação que esta acontecendo em seu interior, motivado por um elemento irritante, que necessita ser localizado, resolvido e consequentemente eliminado, para que a consciência (Espirito) continue tendo sua trajetória plena de crescimento através das experiências vividas e bem desenvolvidas.

 

Naturalmente, nem toda perturbação chega a ser um elemento irritante, que precisa ser transferido para o corpo afim de merecer uma solução depurativa, chamada doença. Isso acontece quando o elemento irritante encontra-se entravando o perfeito entendimento da dual função do ser. Transformando-se em barreiras para o perfeito entendimento de outras fases e outros estímulos necessários para a continuidade do crescimento do ser.

 

A consciência sempre capta a falta de alguma coisa, pois se nada lhe faltasse, ela estaria sadia, ou seja, perfeita e íntegra. No entanto, quando algo falta à saúde, ela não está sadia, está doente. Essa doença se manifesta no corpo como um sintoma. Então, o que se tem é a comprovação de que algo nos falta. Falta consciência, e, portanto, tem-se um sintoma.

 

Cura

 

A cura acontece através da incorporação daquilo que esta faltando e, portanto, ela não é possível sem uma expansão da consciência. Doença e cura são conceitos gêmeos que somente têm importância para a consciência e não se aplicam ao corpo, pois um corpo nunca pode estar doente ou saudável. Tudo o que o corpo pode fazer é refletir os estados correspondentes e as condições da própria consciência.

 

A doença não é uma perturbação essencial e, desta forma, um desagradável desvio do caminho; pelo contrario, a própria doença é o caminho pelo qual o ser humano pode seguir rumo à cura. Quanto maior a consciência com que enfrentamos o caminho, tanto melhor se cumprirão seus objetivos. A intenção não é combater a doença e, sim, usá-la como fator motriz de crescimento e compreensão da nossa missão neste planeta de evolução que vivemos.

 

Quanto maior for nossa compreensão, nossa expansão de consciência, melhor será o nosso aproveitamento de todas as coisas que nos cercam.

 

A consciência divide e classifica tudo em pares de opostos que, quando somos forçados a encará-los, consideramos conflitantes. Eles nos obrigam a estabelecer uma diferença, nos forçam a decidir, a fazer uma escolha, que nem sempre estamos preparados para tal. Para melhor analisar, a nossa inteligência reparte a realidade em pedaços, cada vez menores, e força-nos a escolher entre eles o que nos convém ou prejudica.

Quanto maior a nossa ignorância ou desconhecimento da grande realidade, mais a inteligência fraciona os acontecimentos, tentando nos pequenos fragmentos, uma maior possibilidade de analise, de julgamento e de lógica. Distanciando-nos cada vez mais da unidade de percepção, por falta de elementos para o julgamento final do que nos convém.

 

Assim temos que dizer sim a um e, ao mesmo tempo, não a outro dos elementos que compõem a polaridade, pois os opostos se excluem como todos sabem. No entanto, a cada não, a cada exclusão reforçamos nossa não-totalidade, pois, para obtermos a totalidade, nada poderia faltar.

 

A unidade das polaridades significa a unidade plena, que se traduz em razão máxima do nosso ser. A unidade total está na paz eterna; é o ser puro sem tempo, sem espaço, sem modificações e sem limites.

 

O estado de iluminação, de consciência cósmica ou consciência plena, só é atingido quando a pessoa transcende todos os limites, permitindo que a sua mente consciente e a mente inconsciente se fundam numa unidade. Porém, isso equivale à destruição completa do Eu, cuja autonomia depende da cisão inicial. É este o passo que, na terminologia cristã, é descrito da seguinte forma: "Eu (mente consciente) e meu Pai (mente inconsciente) somos um".

 

Neste estado de consciência plena, é possível administrar todas as tempestades internas e externas da nossa vida. Passamos a Ter total controle sobre tudo e sobre todas as outras criaturas, cuja unidade ainda não se fazem presente.

 

Nesse estado de espírito é que se encontrava o Mestre Jesus, quando passou por este plano terreno, a nos ensinar a viver e a despertar nossa consciência cósmica.

 

Mais tarde, imitado por Paulo de tarso, Francisco de Assis, Gandhi, Bezerra de Menezes, Madre Teresa de Calcutá, etc. Exatamente por esta característica de ampliação da consciência, é que conseguiram tantos feitos em relação a si próprios e aos outros como extensão natural.

 

Ampliar a consciência significa diminuir suas duvidas, seus estados de desconhecimentos, seus medos e suas derivações. Conhecendo a si próprio e ao mundo, de forma plena e total.

 

Todos os caminhos de cura ou superação nada mais são do que um único caminho que leva da polaridade à unidade.

 

Este caminho que tanto nos foi ensinado pelo Mestre dos Mestres, o Cristo, a direção da polaridade para a unidade.

 

Reduzindo o máximo possível, os ciscos, os ruídos, as mazelas e a ignorância. Por isso é comum escutar dizer que estes iluminados, acima citados, foram "Pontes".

 

Pontes que uniram à polaridade da ignorância humana, a consciência plena, a consciência cósmica total.

 

Portanto, oração, prece paciência, bondade, generosidade, humildade, entrega, tolerância, caridade e amor, são características de consciência plenamente desperta, de unidade perfeita e de perfeito entrosamento de Deus para com o homem, portanto do Criador com a criatura. Este é o caminho da cura.

 
Além do corpo
A medicina espiritual desperta cada vez mais interesse.
Dois eventos científicos serão realizados para discutir
o tema, enquanto centros espíritas que oferecem
tratamento estão lotados
Celina Côrtes, Juliane Zaché e Lena Castellón
Colaborou Lia Bock

 
  Procura: No centro do médium Waldemar são atendidas 300 pessoas por semana. A fila de espera é de um mês
Nesta semana, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - uma das mais importantes da América Latina - será sede de um encontro que, anos atrás, dificilmente ocorreria em suas instalações. No sábado 31, médicos, estudantes e outros profissionais da saúde estarão reunidos em um dos auditórios da instituição para participar do 1º Simpósio de Medicina e Espiritualidade, organizado pela Associação Médico-Espírita de São Paulo. O objetivo do encontro é fazer uma revisão da literatura científica sobre o tema e confeccionar uma proposta de inclusão da disciplina "medicina e espiritualidade" no currículo das escolas médicas. A realização do evento dentro da USP é sintomática. Mostra que a comunidade científica começa a se abrir para o estudo dos fenômenos que envolvem a crença em um mundo espiritual e suas repercussões na saúde.
Outra evidência da crescente importância do tema será a realização, também na capital paulista, em junho, do IV Congresso Nacional da Associação Médico-Espírita do Brasil. O encontro reunirá 2,5 mil profissionais brasileiros e do Exterior. O evento trará cientistas de instituições estrangeiras respeitadas, como o médico Harold Koenig, diretor do Centro para o Estudo da Religião/Espiritualidade e Saúde da Universidade de Duke (EUA). Boa parte dos especialistas estrangeiros não segue o espiritismo, doutrina que conta com mais de dois milhões de adeptos no Brasil. Ela é baseada na crença da existência e imortalidade de espíritos, na sua capacidade de influenciar a vida e a saúde dos habitantes na Terra e na possibilidade de comunicação com eles.
Mágoas - A realização dos eventos é apenas uma mostra do crescimento da medicina espírita no Brasil. Outra prova da sua força é o aumento do número de associações médico-espíritas. Em 1995, existiam nove entidades. Hoje, são 30. Essas entidades reúnem profissionais que praticam a medicina convencional, mas usam sua crença para tentar melhorar a saúde do paciente que quiser receber esse atendimento. De acordo com eles, o organismo pode ser influenciado por espíritos que partiram da Terra - chamados de desencarnados - ou por pensamentos das próprias pessoas. "Indivíduos que guardam mágoas, por exemplo, sofrem alterações químicas que podem levar ao aparecimento de doenças ou ao seu agravamento", diz Kátia Marabuco, oncologista da Universidade Federal do Piauí. "Nós, espíritas, também acreditamos que as pessoas negativas podem atrair espíritos desencarnados que contribuem para o surgimento de desequilíbrios físicos e mentais", explica. A tática dos profissionais que seguem a doutrina é adotar medidas preconizadas pelo espiritismo para reverter esses quadros. Uma delas é fazer a aplicação de passes (imposição de mãos para energização e transferência de bons fluidos). Foi dessa forma que a paisagista paulistana Celeste Nardi, 62 anos, se tratou de depressão e outros problemas. Há quatro anos, frequenta uma clínica onde recebe atendimento psicológico e espiritual. Hoje, Celeste está bem. Para ajudar outros pacientes, ela aprendeu a aplicar o passe. "Quem passou por uma situação semelhante transmite uma energia de cura para quem necessita", diz.
Essas práticas também fazem parte do tratamento aplicado nos hospitais espíritas existentes no País. Hoje, há 100 instituições do gênero. São entidades que oferecem atendimento espiritual gratuito. A maioria delas é destinada à assistência psiquiátrica. Nesses locais, o doente é submetido ao tratamento tradicional - o que inclui remédios e terapia psicológica - e, se desejar, cuida do espírito. Uma dessas instituições é a Fundação Centro Espírita Nosso Lar Casas André Luiz, em Guarulhos (SP). Na instituição moram cerca de 700 portadores de deficiências mentais e outros 500 são atendidos no ambulatório. A maior parte nasceu com paralisia cerebral.
 
MIX: Lúcio tem paralisia cerebral e controlou crises de inquietação com a associação das terapias convencional e espiritual  
Tese - O psiquiatra Frederico Leão é um dos médicos da fundação. Surpreso diante da evolução de doentes que combinavam o atendimento espiritual e o convencional, ele está fazendo uma tese de mestrado sobre o assunto, que será defendida na USP. "Vi casos em que, quando os doentes se submetiam ao tratamento médico e espiritual, tinham uma evolução boa", conta. Um dos casos é o do paciente Lúcio (nome fictício), 30 anos, que nasceu com paralisia cerebral. Ele não se expressa direito e se locomove numa cadeira de rodas. Há cinco anos, passou a ficar inquieto e manchas escuras apareceram em sua pele. "Os médicos fizeram de tudo e nada adiantou", lembra-se Márcia Lopes, psicóloga da instituição. Continuaram com os remédios, mas também aplicaram o passe. Os sintomas desapareceram.
   
 
 

  Alan Rodrigues
  Mudança: Celeste tinha problemas de saúde e foi tratada com passes. Ela aprendeu o método e hoje o aplica em outras pessoas
Outra instituição é o Hospital Espírita de Psiquiatria Bom Retiro, de Curitiba. Lá, os médicos também adotam uma prática da doutrina que ajudaria no tratamento. São as sessões de "desobsessão", reuniões nas quais médiuns (pessoas por meio das quais os espíritos se manifestariam) serviriam como instrumento para que espíritos que estão atormentando o doente se comunicassem e fossem convencidos a deixá-lo em paz. "Quando isso acontece, o paciente fica mais calmo e seu estado clínico melhora", garante o psicólogo Mário Sérgio Silveira, da instituição. O Hospital Espírita André Luiz, de Belo Horizonte, também usa o tratamento de "desobsessão". "Em casos difíceis de esquizofrenia, por exemplo, fazemos essa recomendação", afirma Roberto Lúcio de Souza, psiquiatra e diretor da instituição. Em nenhum desses locais, no entanto, deixa-se a terapia convencional de lado. "O tratamento espírita é complementar e não alternativo. Quem passa pelo atendimento, para qualquer doença, não pode deixar de tomar os remédios", alerta Marlene Nobre, presidente da Associação Médico-Espírita do Brasil.
Além dos hospitais, outros lugares bastante procurados para tratamento espiritual são os centros espíritas. Uma das maiores referências é o Lar de Frei Luiz, no Rio de Janeiro. A instituição conta com 800 médiuns e recebe cerca de quatro mil visitantes em cada um dos dias de atendimento (quarta-feira e domingo). Há 12 anos, essa média era de 800 pessoas. Todos buscam curas físicas, espirituais ou algum consolo. Há salas de cura, de "desobsessão" e de passes. Uma das histórias mais incríveis relacionadas ao centro foi a do compositor Tom Jobim (1927-1994). Quando se submetia a tratamentos convencionais para tratar um câncer de bexiga, Tom esteve duas vezes no Frei Luiz. Na véspera de viajar para Nova York, em 1994, quando morreu de parada cardíaca no Hospital Mount Sinai, o músico conversou com Ronaldo Gazolla, já falecido, na época presidente do centro. Tom estava na dúvida se viajava e quis saber a opinião de Gazolla. O médico desconversou, não queria influenciar o maestro, embora soubesse que os espíritos já o consideravam curado. "Mas se fosse com você?", insistiu Tom. "Se fosse eu, não iria", recomendou Gazolla. Não se sabe o que teria acontecido ao compositor se ele tivesse ouvido o conselho, mas com certeza não teria morrido na mesa de cirurgia. Ana Lontra Jobim, viúva do músico, fala do assunto com reserva. "Quando esteve lá, ele saiu mais aliviado", conta. A farmacêutica Helena Gazolla, viúva de Ronaldo Gazolla, que assumiu a presidência da instituição, explica que, se ocorreram curas, são consequência do merecimento dos doentes. "A pessoa se cura por meio de sua fé. Os médiuns são apenas um canal de energia para ajudar na recuperação de cada um", diz.
Um dos atendimentos mais importantes e incomuns em centros
espíritas, oferecido pelo Lar de Frei Luiz, são as sessões de materialização, nas quais os espíritos poderiam ser vistos. A matéria-prima que daria forma física ao espírito é chamada de ectoplasma (substância que, de acordo com o espiritismo, seria liberada pelos médiuns para possibilitar a materialização das almas). Nessas reuniões, ocorrem também cirurgias espirituais, feitas por espíritos desencarnados que usariam o corpo do médium.

Cirurgia - Em Leme, no interior de São Paulo, há outro centro famoso pelas cirurgias. É a instituição comandada pelo médium Waldemar Coelho, 65 anos, que realiza essas operações há quatro décadas. "Curamos o corpo quando o problema é material e o espírito quando o problema é um carma", garante. Dois espíritos se manifestariam por meio de Waldemar - um chinês e um médico austríaco. Seriam eles que, sem nenhum corte ou sangue, operariam as pessoas de câncer, diabete e dor nas costas, entre outros males. Cerca de 300 pessoas são atendidas por semana. A fila de espera é de um mês. O procedimento é feito num quarto reservado, na presença do médium e de seus ajudantes.
 

 

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