Plano espiritual

17-11-2011 23:56

 

Desencarne

 

 

 

1.

O objetivo deste estudo é refletir sobre a morte, um dos problemas mais difíceis de ser enfrentado, pois foi sempre vista como mistério, superstição e fascinação. Anotaremos alguns dados históricos, seus aspectos culturais e religiosos e a contribuição que o Espiritismo pode oferecer para uma melhor compreensão do tema.

2. CONCEITO

Do lat. mortem - é a cessação da vida e manifesta-se pela extinção das atividades vitais: crescimento, assimilação e reprodução no domínio vegetativo; apetites sensoriais no domínio sensitivo.

No âmbito da Doutrina Espírita, é o desprendimento total do Espírito do corpo físico em conseqüência da ruptura do laço fluídico, que prende ou liga um ao outro, quando então há o falecimento.

3. ASPECTOS HISTÓRICOS DA MORTE

Na Antigüidade prevalecia o sentimento natural e duradouro de familiaridade com a morte. Sócrates, por exemplo, ensinava-nos que a filosofia nada mais era do que uma preparação para a morte. Nas sociedades tribais, o problema da morte não existia porque o indivíduo tinha um peso muito diminuto com relação à coletividade. Deixando de viver, a pessoa imediatamente fazia parte da "sociedade dos mortos", inclusive, com a possibilidade de se comunicar com os vivos.

Durante a Idade Média, marcada pela forte influência da religião, a população era educada no sentido de aceitar a morte como um destino inexorável dos deuses. Dentro desse contexto, cada qual esperava passivamente a sua passagem deste para o outro mundo. Além disso, esse período caracterizava-se também pelo sentimento de respeito ao morto, inclusive com as cerimônias religiosas, a observância do tempo de luto, as visitas ao cemitério etc. Como as pessoas morriam em casa, as crianças podiam passar e brincar junto ao féretro, que geralmente ocupava o lugar mais destacado da casa.

Na Idade Moderna, depois de Revolução Industrial, e com o desenvolvimento do consumismo, vemos que a morte começa a ser interdita, ou seja, proibida. Como não temos mais tempo de cuidar dos velhos e dos doentes, deixamos essa incumbência para os hospitais, que estão preparados para salvar vidas e não cultuar a morte. Em certo sentido, a morte é um fracasso da medicina. Depois de morto, o defunto é encaminhado ao necrotério, onde se faz o velório. Tudo isso longe das crianças. Para elas diz-se que teve um sono duradouro e está descansando nos jardins do Éden. A sofisticação chega ao ponto de se criar o "Funeral Home", casa de embelezamento de cadáveres. (Aries, 1977)

4. A MORTE: CULTURA E RELIGIÃO

4.1. CULTURA AMERICANA VERSUS A CULTURA MICRONÉSIA

O Dr. Frank Mahoney, professor de Antropologia da Universidade do Havaí, mostrou a diferença entre a cultura americana e a da sociedade Micronésia, a dos Trukeses. Os americanos negam a morte e o envelhecimento; os habitantes das ilhas Truk (Pacífico) ratificam-na. Relutamos em revelar nossa idade; gastamos fortunas para esconder nossas rugas; preferimos enviar nossos velhos aos asilos. Para os Trukeses, a vida termina aos 40 anos de idade: aí começa a morte. (Kübler-Ross, s.d.p.)

4.2. A INFLUÊNCIA DA RELIGIÃO NAS ATITUDES DOS INDIVÍDUOS

As religiões têm exercido poderosa influência nas atitudes dos indivíduos com relação ao passamento para a outra dimensão de vida.

Para os judeus, a lei permite ao moribundo que vai morrer por sua casa em ordem, abençoar a família, enviar mensagem aos que lhe parecem importantes, e fazer as pazes com Deus. A confissão in extremis é considerada importante elemento na transição para o outro mundo.

Para o hinduismo, na morte a alma ou essência espiritual (atman) do indivíduo é eterna. Como tal, não é atingida pelas várias alterações no estado de existência porque passa o fenomenal eu ou ego (jiva) em cada período de vida.

Para o Budismo, a vida depois da morte é um problema sobre o qual nada pode ser dito. Não nega nem afirma a vida após a morte. Deixa essa questão em aberto.

Para o Catolicismo, a vida depois da morte está inserida na crença de um Céu, de um Inferno e de um Purgatório. Dependendo de seus atos, ele se dirige para cada um desses lugares circunscritos nos espaço. . (Kübler-Ross, s. d. p.)

Para o Espiritismo, a vida depois da morte reveste-se de substancial significado, pois iremos tanto para lugares iluminados como para trevosos, dependendo do estado de nossa consciência.

5. A VIDA APÓS A MORTE

5.1. O EXISTENCIALISMO SARTREANO

De acordo com Sartre, filósofo francês, na sua teoria sobre o Existencialismo, o indivíduo tem uma única existência, que corresponde aos seus 5... 10... 20... ou mais anos de idade. Para ele, não há vida nem antes do nascimento e nem depois da morte. Acha que cada um nasce como uma tabula rasa e vai impregnando o seu o seu ser com as experiências provenientes das escolhas efetuadas. Como conseqüência, a angústia passa a ser a sua ferramenta de análise.

5.2. O TEMOR DA MORTE

Allan Kardec, no livro O Céu e o Inferno, trata exaustivamente do problema da morte. Diz-nos que o temor da morte decorre da noção insuficiente da vida futura, embora denote também a necessidade de viver e o receio da destruição total. Segundo o seu ponto de vista, o espírita não teme a morte, porque a vida deixa de ser uma hipótese para ser realidade. Ou seja, continuamos individualizados e sujeitos ao progresso, mesmo na ausência da vestimenta física.

5.3. AS CONCEPÇÕES DE MUNDO E A VIDA APÓS A MORTE

Os pensadores da humanidade desenvolveram, ao longo do tempo, três concepções de mundo: Materialista, Idealista e Religiosa. De acordo com essas concepções, construíram as diversas doutrinas. As mais importantes para o propósito de nossos estudos dizem respeito ao Niilismo, ao Panteísmo, ao Dogmatismo Religioso e ao Espiritismo.

Para o Niilismo, a matéria sendo a única fonte do ser, a morte é considerada o fim de tudo. Para o Panteísmo, o Espírito, ao encarnar, é extraído do todo universal; individualiza-se em cada ser durante a vida e volta, por efeito da morte, à massa comum. Para o Dogmatismo Religioso, a alma, independente da matéria, é criada por ocasião do nascimento do ser; sobrevive e conserva a individualidade após a morte. A sua sorte já está determinada: os que morreram em "pecado" irão para o fogo eterno; os justos, para o céu, gozar as delícias do paraíso. Para o Espiritismo, o Espírito, independente da matéria, foi criado simples e ignorante. Todos partiram do mesmo ponto, sujeitos à lei do progresso. Aqueles que praticam o bem, evoluem mais rapidamente e fazem parte da legião dos "anjos", dos "arcanjos" e dos "querubins". Os que praticam o mal, recebem no vas oportunidades de melhoria, através das inúmeras encarnações. (Kardec, 1975 p. 193 a 200)

5.4 ALGUMAS SENSAÇÕES DESCRITAS PELOS ESPÍRITOS DESENCARNADOS

1) Todos afirmam se terem encontrado novamente com a forma humana, nessa existência.

2) Terem ignorado, durante algum tempo, que estavam mortos.

3) Haverem passado, no curso da crise pré-agônica, ou pouco depois, pela prova da reminiscência sintética de todos os acontecimentos da existência que se lhes acabava.

4) Acolhidos pelos familiares e amigos.

5) Haverem passado "sono reparador".

6) Meio espiritual radioso e maravilhoso ou tenebroso.

7) Terem passado por um túnel. (Bozzano, 1930)

6. PREPARAÇÃO PARA A MORTE

6.1. VIDA BEM APLICADA

O excesso de preparação para a morte é um erro. A única preparação verdadeiramente útil para uma boa morte é uma vida bem aplicada. Assim, o perdão aos inimigos, o sentimento de dever cumprido e a clareza de consciência têm um peso bem maior do que toda a preparação formal. Observe a morte de Sócrates: obrigado a beber cicuta, partiu com a consciência tranqüila, enquanto os seus juízes deveriam sofrer as conseqüências daquela injustiça.

6.2. TREINO PARA A MORTE

O Espírito Irmão X, no capítulo 4 do livro Cartas e Crônicas, lembra-nos de alguns detalhes sumamente valiosos para enfrentarmos a morte com tranqüilidade. Diz-nos ele:

Comece a renovação de seus costumes pelo prato de cada dia. Diminua gradativamente a volúpia de comer carne dos animais;

Os excitantes largamente ingeridos constituem outra perigosa obsessão. Não se renda à tentação dos narcóticos;

Deixe os testamentos em dia;

Não se apegue demasiado aos laços consangüíneos.

Convença-se de que se você não experimenta simpatia por determinadas pessoas, há muita gente que suporta você com muito esforço. (Xavier, 1974)

6.3. PERSEVERAR ATÉ O FIM

Para contratarmos casamento, obtermos um cargo e aspirarmos a uma posição social vantajosa recorremos aos conselhos, precauções e dietas. E para alcançar o Reino de Deus, o que fazemos? Que procedimento seguimos? Pouco ou quase nada.

Persuadamo-nos, pois, que a felicidade eterna é para nós o negócio mais importante, o negócio único, o negócio irreparável se não o pudermos realizar.

Francisco Hazzera, assim se expressou: "Tu, meu filho, terás carreira brilhante: serás bom advogado, depois prelado, a seguir cardeal, quem sabe? Talvez papa... mas e depois? E depois?" É sobre "o depois" que devemos posicionar o nosso pensamento. Quais são as conseqüências de nossas escolhas? Elas servem para a nossa evolução ou para a nossa ruína?

7. CONCLUSÕES

Enfrentemos a morte com a mesma determinação com a qual enfrentamos a vida. Se, todas as noites, pudermos "morrer" tranqüilos, o passamento definitivo não nos acarretará problema algum, pois o desprendimento fará parte de nossa natureza.

 

Desencarne

Sérgio Biagi Gregório

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Aspectos Históricos da Morte. 4. A Morte: Cultura e Religião: 4.1. Cultura Americana Versus Cultura Micronésia; 4.2. A Influência da Religião nas Atitudes dos Indivíduos. 5. A Vida após Morte: 5.1. O Existencialismo Sartreano; 5.2. O Temor da Morte; 5.3. As Concepções de Mundo e a Vida após a Morte; 5.4 Algumas Sensações Descritas pelos Espíritos Desencarnados. 6. Preparação para a Morte: 6.1. Vida bem Aplicada; 6.2. Treino para a Morte; 6.3. Perseverar até o Fim. 7. Conclusões. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste estudo é refletir sobre a morte, um dos problemas mais difíceis de ser enfrentado, pois foi sempre vista como mistério, superstição e fascinação. Anotaremos alguns dados históricos, seus aspectos culturais e religiosos e a contribuição que o Espiritismo pode oferecer para uma melhor compreensão do tema.

2. CONCEITO

Do lat. mortem - é a cessação da vida e manifesta-se pela extinção das atividades vitais: crescimento, assimilação e reprodução no domínio vegetativo; apetites sensoriais no domínio sensitivo.

No âmbito da Doutrina Espírita, é o desprendimento total do Espírito do corpo físico em conseqüência da ruptura do laço fluídico, que prende ou liga um ao outro, quando então há o falecimento.

3. ASPECTOS HISTÓRICOS DA MORTE

Na Antigüidade prevalecia o sentimento natural e duradouro de familiaridade com a morte. Sócrates, por exemplo, ensinava-nos que a filosofia nada mais era do que uma preparação para a morte. Nas sociedades tribais, o problema da morte não existia porque o indivíduo tinha um peso muito diminuto com relação à coletividade. Deixando de viver, a pessoa imediatamente fazia parte da "sociedade dos mortos", inclusive, com a possibilidade de se comunicar com os vivos.

Durante a Idade Média, marcada pela forte influência da religião, a população era educada no sentido de aceitar a morte como um destino inexorável dos deuses. Dentro desse contexto, cada qual esperava passivamente a sua passagem deste para o outro mundo. Além disso, esse período caracterizava-se também pelo sentimento de respeito ao morto, inclusive com as cerimônias religiosas, a observância do tempo de luto, as visitas ao cemitério etc. Como as pessoas morriam em casa, as crianças podiam passar e brincar junto ao féretro, que geralmente ocupava o lugar mais destacado da casa.

Na Idade Moderna, depois de Revolução Industrial, e com o desenvolvimento do consumismo, vemos que a morte começa a ser interdita, ou seja, proibida. Como não temos mais tempo de cuidar dos velhos e dos doentes, deixamos essa incumbência para os hospitais, que estão preparados para salvar vidas e não cultuar a morte. Em certo sentido, a morte é um fracasso da medicina. Depois de morto, o defunto é encaminhado ao necrotério, onde se faz o velório. Tudo isso longe das crianças. Para elas diz-se que teve um sono duradouro e está descansando nos jardins do Éden. A sofisticação chega ao ponto de se criar o "Funeral Home", casa de embelezamento de cadáveres. (Aries, 1977)

4. A MORTE: CULTURA E RELIGIÃO

4.1. CULTURA AMERICANA VERSUS A CULTURA MICRONÉSIA

O Dr. Frank Mahoney, professor de Antropologia da Universidade do Havaí, mostrou a diferença entre a cultura americana e a da sociedade Micronésia, a dos Trukeses. Os americanos negam a morte e o envelhecimento; os habitantes das ilhas Truk (Pacífico) ratificam-na. Relutamos em revelar nossa idade; gastamos fortunas para esconder nossas rugas; preferimos enviar nossos velhos aos asilos. Para os Trukeses, a vida termina aos 40 anos de idade: aí começa a morte. (Kübler-Ross, s.d.p.)

4.2. A INFLUÊNCIA DA RELIGIÃO NAS ATITUDES DOS INDIVÍDUOS

As religiões têm exercido poderosa influência nas atitudes dos indivíduos com relação ao passamento para a outra dimensão de vida.

Para os judeus, a lei permite ao moribundo que vai morrer por sua casa em ordem, abençoar a família, enviar mensagem aos que lhe parecem importantes, e fazer as pazes com Deus. A confissão in extremis é considerada importante elemento na transição para o outro mundo.

Para o hinduismo, na morte a alma ou essência espiritual (atman) do indivíduo é eterna. Como tal, não é atingida pelas várias alterações no estado de existência porque passa o fenomenal eu ou ego (jiva) em cada período de vida.

Para o Budismo, a vida depois da morte é um problema sobre o qual nada pode ser dito. Não nega nem afirma a vida após a morte. Deixa essa questão em aberto.

Para o Catolicismo, a vida depois da morte está inserida na crença de um Céu, de um Inferno e de um Purgatório. Dependendo de seus atos, ele se dirige para cada um desses lugares circunscritos nos espaço. . (Kübler-Ross, s. d. p.)

Para o Espiritismo, a vida depois da morte reveste-se de substancial significado, pois iremos tanto para lugares iluminados como para trevosos, dependendo do estado de nossa consciência.

5. A VIDA APÓS A MORTE

5.1. O EXISTENCIALISMO SARTREANO

De acordo com Sartre, filósofo francês, na sua teoria sobre o Existencialismo, o indivíduo tem uma única existência, que corresponde aos seus 5... 10... 20... ou mais anos de idade. Para ele, não há vida nem antes do nascimento e nem depois da morte. Acha que cada um nasce como uma tabula rasa e vai impregnando o seu o seu ser com as experiências provenientes das escolhas efetuadas. Como conseqüência, a angústia passa a ser a sua ferramenta de análise.

5.2. O TEMOR DA MORTE

Allan Kardec, no livro O Céu e o Inferno, trata exaustivamente do problema da morte. Diz-nos que o temor da morte decorre da noção insuficiente da vida futura, embora denote também a necessidade de viver e o receio da destruição total. Segundo o seu ponto de vista, o espírita não teme a morte, porque a vida deixa de ser uma hipótese para ser realidade. Ou seja, continuamos individualizados e sujeitos ao progresso, mesmo na ausência da vestimenta física.

5.3. AS CONCEPÇÕES DE MUNDO E A VIDA APÓS A MORTE

Os pensadores da humanidade desenvolveram, ao longo do tempo, três concepções de mundo: Materialista, Idealista e Religiosa. De acordo com essas concepções, construíram as diversas doutrinas. As mais importantes para o propósito de nossos estudos dizem respeito ao Niilismo, ao Panteísmo, ao Dogmatismo Religioso e ao Espiritismo.

Para o Niilismo, a matéria sendo a única fonte do ser, a morte é considerada o fim de tudo. Para o Panteísmo, o Espírito, ao encarnar, é extraído do todo universal; individualiza-se em cada ser durante a vida e volta, por efeito da morte, à massa comum. Para o Dogmatismo Religioso, a alma, independente da matéria, é criada por ocasião do nascimento do ser; sobrevive e conserva a individualidade após a morte. A sua sorte já está determinada: os que morreram em "pecado" irão para o fogo eterno; os justos, para o céu, gozar as delícias do paraíso. Para o Espiritismo, o Espírito, independente da matéria, foi criado simples e ignorante. Todos partiram do mesmo ponto, sujeitos à lei do progresso. Aqueles que praticam o bem, evoluem mais rapidamente e fazem parte da legião dos "anjos", dos "arcanjos" e dos "querubins". Os que praticam o mal, recebem no vas oportunidades de melhoria, através das inúmeras encarnações. (Kardec, 1975 p. 193 a 200)

5.4 ALGUMAS SENSAÇÕES DESCRITAS PELOS ESPÍRITOS DESENCARNADOS

1) Todos afirmam se terem encontrado novamente com a forma humana, nessa existência.

2) Terem ignorado, durante algum tempo, que estavam mortos.

3) Haverem passado, no curso da crise pré-agônica, ou pouco depois, pela prova da reminiscência sintética de todos os acontecimentos da existência que se lhes acabava.

4) Acolhidos pelos familiares e amigos.

5) Haverem passado "sono reparador".

6) Meio espiritual radioso e maravilhoso ou tenebroso.

7) Terem passado por um túnel. (Bozzano, 1930)

6. PREPARAÇÃO PARA A MORTE

6.1. VIDA BEM APLICADA

O excesso de preparação para a morte é um erro. A única preparação verdadeiramente útil para uma boa morte é uma vida bem aplicada. Assim, o perdão aos inimigos, o sentimento de dever cumprido e a clareza de consciência têm um peso bem maior do que toda a preparação formal. Observe a morte de Sócrates: obrigado a beber cicuta, partiu com a consciência tranqüila, enquanto os seus juízes deveriam sofrer as conseqüências daquela injustiça.

6.2. TREINO PARA A MORTE

O Espírito Irmão X, no capítulo 4 do livro Cartas e Crônicas, lembra-nos de alguns detalhes sumamente valiosos para enfrentarmos a morte com tranqüilidade. Diz-nos ele:

Comece a renovação de seus costumes pelo prato de cada dia. Diminua gradativamente a volúpia de comer carne dos animais;

Os excitantes largamente ingeridos constituem outra perigosa obsessão. Não se renda à tentação dos narcóticos;

Deixe os testamentos em dia;

Não se apegue demasiado aos laços consangüíneos.

Convença-se de que se você não experimenta simpatia por determinadas pessoas, há muita gente que suporta você com muito esforço. (Xavier, 1974)

6.3. PERSEVERAR ATÉ O FIM

Para contratarmos casamento, obtermos um cargo e aspirarmos a uma posição social vantajosa recorremos aos conselhos, precauções e dietas. E para alcançar o Reino de Deus, o que fazemos? Que procedimento seguimos? Pouco ou quase nada.

Persuadamo-nos, pois, que a felicidade eterna é para nós o negócio mais importante, o negócio único, o negócio irreparável se não o pudermos realizar.

Francisco Hazzera, assim se expressou: "Tu, meu filho, terás carreira brilhante: serás bom advogado, depois prelado, a seguir cardeal, quem sabe? Talvez papa... mas e depois? E depois?" É sobre "o depois" que devemos posicionar o nosso pensamento. Quais são as conseqüências de nossas escolhas? Elas servem para a nossa evolução ou para a nossa ruína?

7. CONCLUSÕES

Enfrentemos a morte com a mesma determinação com a qual enfrentamos a vida. Se, todas as noites, pudermos "morrer" tranqüilos, o passamento definitivo não nos acarretará problema algum, pois o desprendimento fará parte de nossa natureza.

 

A vida além túmulo de Um olhar no paraíso

O filme em cartaz Um olhar no paraíso, do diretor Peter Jackson, traz uma história muito interessante da experiência após a morte. Ele conta a história de Susie Salmon, que é assassinada aos 14 anos de idade por um pedófilo do bairro onde morava. Ao invés de se desprender do mundo dos vivos, sua alma transita no que o filme chama de Entre Mundos, que seria entre o Céu e a Terra, compartilhando espaços dos dois.
As imagens do além-túmulo são riquíssimas em cor, extravagantes e fantasiosas, com vários recursos gráficos que a tecnologia permite para dar ao filme o tom poético. Mas o que interessa mesmo é a narrativa sobre a dor de quem parte cedo misturada ao ódio nutrido contra o assassino. O filme ilustra bem o que o espiritismo ensina sobre os tormentos e angústias por que passam o espírito desencarnado nessas condições e mostra algumas conseqüências desastrosas que sua estada na Terra pode causar entre os que o amam. No fim, a gran de mensagem mostra que o desencarnado deve aceitar sua condição e partir, deixando que a vida tome seu próprio rumo na Terra, mesmo sem a presença dele.
Como filme, a reflexão é curta. Mas quem possui um conhecimento mínimo do espiritismo pode tirar grandes lições do roteiro. Além disso, a produção é excelente, a atuação é boa e o fim, esperançoso, fazendo arrancar lágrimas daqueles com coração mais mole, como eu. Assistam, vale a pena.

Plano espiritual

 

Plano espiritual é o nome dado pelos estudiosos e seguidores da doutrina espírita para a realidade extra-física onde os espíritos se encontram.

 

Organização

Segundo a doutrina espírita, o espírito, após a morte do corpo, dispõe de percepções mais abrangentes do que quando está ligado à matéria. Além disso, percebe a passagem do tempo de forma diversa.

A forma de retratar o plano espiritual, entre os espíritas, foi fortemente influenciada pelos romances mediúnicos que se disseminaram no Brasil a partir dos anos 50. A obra Nosso Lar, psicografada por Chico Xavier, e atribuída ao espírito André Luiz, foi uma das pioneiras nesse campo. Ela descreve o além-túmulo com várias cidades e aglomerações urbanas, nas quais reúnem-se os espíritos de acordo com sua evolução moral.

A vida se separa por faixas, de acordo com a "frequência vibracional" da matéria lá existente e que está além da realidade física. Quanto mais "elevada" a frequência da vibração, mais sutil será a faixa e mais evoluídos serão os espíritos que nela se encontram, ao passo que, quanto mais "baixa" ela for, mais baixa será a faixa e mais atrasados serão os seus habitantes. Do mesmo modo, dependerá da frequência vibracional a maior ou a menor sutileza das construções existentes no plano espiritual.

O entre-vidas na Codificação

Em O Livro dos Espíritos, no Capítulo VI, Da Vida Espírita, os Espíritos sem um corpo material são chamados de errantes. E, na resposta à Questão 224 "a" do Livro, o vocábulo erraticidade, usado por Kardec para se referir ao intervalo entre duas existências corpóreas, aparece pela primeira vez:

224. a) Quanto tempo podem durar estes intervalos?
Desde algumas horas até alguns milhares de séculos. Propriamente falando, não há extremo limite estabelecido para o estado de erraticidade, que pode prologar-se muitíssimo, mas que nunca é perpétuo...

Desse ponto em diante da Codificação, toda referência ao estado do Espírito entre duas vidas é chamado de erraticidade. Esse termo, no entanto, é muito pouco utilizado no movimento espírita hoje em dia, que utiliza com muito mais frequência as expressões plano espiritual e mundo espiritual.Erraticidade versus plano espiritual

Há adeptos da doutrina espírita que dizem que a codificação nada fala acerca de um plano espiritual, limitando-se a chamar de erraticidade o espaço ocupado pelos espíritos desencarnados, como vimos mais acima. Por um lado, de fato, as obras fundamentais do espiritismo não abordam de forma mais detida essa questão, chegando Kardec inclusive a classificar uma descrição, feita por uma santa católica, de algo bastante assemelhado ao umbral da tradição espírita brasileira, como um simples pesadelo.[1] Por outro, trechos como o cap. VIII, Segunda Parte, de O Livro dos Médiuns, intitulado Laboratório do Mundo Invisível, e o cap. XIV, item 3, de A Gênese, são apontados por estudiosos espíritas como indícios de que o codificador entrevia detalhes muito mais complexos do que a erraticidade genericamente entendida, no que diz respeito à localização dos espíritos após a morte. Lê-se, por exemplo, no mencionado trecho de A Gênese:

No estado de eterização, o fluido cósmico não é uniforme; sem deixar de ser etéreo, sofre modificações tão variadas em gênero e mais numerosas talvez do que no estado de matéria tangível. Essas modificações constituem fluidos distintos que, embora procedentes do mesmo princípio, são dotados de propriedades especiais e dão lugar aos fenômenos peculiares ao mundo invisível.

Dentro da relatividade de tudo, esses fluidos têm para os Espíritos, que também são fluídicos, uma aparência tão material, quanto a dos objetos tangíveis para os encarnados e são, para eles, o que são para nós as substâncias do mundo terrestre. Eles os elaboram e combinam para produzirem determinados efeitos, como fazem os homens com os seus materiais, ainda que por processos diferentes.

Lá, porém, como neste mundo, somente aos Espíritos mais esclarecidos é dado compreender o papel que desempenham os elementos constitutivos do mundo onde eles se acham. Os ignorantes do mundo invisível são tão incapazes de explicar a si mesmos os fenômenos a que assistem e para os quais muitas vezes concorrem maquinalmente, como os ignorantes da Terra o são para explicar os efeitos da luz ou da eletricidade, para dizer de que modo é que veem e escutam.

Possíveis pontos de encontro com a ciência

A existência de uma realidade não percebida pelos nossos sentidos vem sendo investigada pela ciência nos estudos sobre a chamada matéria escura. É interessante notar que, a se manter a validade do modelo vigente de teoria gravitacional, a matéria escura teria que ocupar a quase totalidade do Universo.

Além disso, a física quântica mostrou que aquilo que nossos sentidos percebem como matéria compacta tem muito mais espaço vazio do que ocupado.

Segundo o relato das entidades espirituais, tanto o plano espiritual é muito mais amplo que o material como os dois se interpenetram, o que, de certa forma, se relaciona com os dois pontos acima comentados.

Visão semelhante à descrita por André Luiz

Uma visão parecida com a descrita por André Luiz (espírito) é a que Algar, o espírito guia do médium holandês Josef Rulof, mostrou a ele, visão esta que é descrita em sua obra cujo título em inglês é "A View into the Hereafter" (Examinando o Após-vida), em três volumes. [2]

 

[] Erraticidade versus plano espiritual

Há adeptos da doutrina espírita que dizem que a codificação nada fala acerca de um plano espiritual, limitando-se a chamar de erraticidade o espaço ocupado pelos espíritos desencarnados, como vimos mais acima. Por um lado, de fato, as obras fundamentais do espiritismo não abordam de forma mais detida essa questão, chegando Kardec inclusive a classificar uma descrição, feita por uma santa católica, de algo bastante assemelhado ao umbral da tradição espírita brasileira, como um simples pesadelo.[1] Por outro, trechos como o cap. VIII, Segunda Parte, de O Livro dos Médiuns, intitulado Laboratório do Mundo Invisível, e o cap. XIV, item 3, de A Gênese, são apontados por estudiosos espíritas como indícios de que o codificador entrevia detalhes muito mais complexos do que a erraticidade genericamente entendida, no que diz respeito à localização dos espíritos após a morte. Lê-se, por exemplo, no mencionado trecho de A Gênese:

No estado de eterização, o fluido cósmico não é uniforme; sem deixar de ser etéreo, sofre modificações tão variadas em gênero e mais numerosas talvez do que no estado de matéria tangível. Essas modificações constituem fluidos distintos que, embora procedentes do mesmo princípio, são dotados de propriedades especiais e dão lugar aos fenômenos peculiares ao mundo invisível.

Dentro da relatividade de tudo, esses fluidos têm para os Espíritos, que também são fluídicos, uma aparência tão material, quanto a dos objetos tangíveis para os encarnados e são, para eles, o que são para nós as substâncias do mundo terrestre. Eles os elaboram e combinam para produzirem determinados efeitos, como fazem os homens com os seus materiais, ainda que por processos diferentes.

Lá, porém, como neste mundo, somente aos Espíritos mais esclarecidos é dado compreender o papel que desempenham os elementos constitutivos do mundo onde eles se acham. Os ignorantes do mundo invisível são tão incapazes de explicar a si mesmos os fenômenos a que assistem e para os quais muitas vezes concorrem maquinalmente, como os ignorantes da Terra o são para explicar os efeitos da luz ou da eletricidade, para dizer de que modo é que veem e escutam.

Diferentes descrições

Alguns críticos do Espiritismo negam a realidade do Plano espiritual afirmando que os alegados médiuns dão, cada um, uma descrição diferente da mesma, o que é um indício, segundo eles, de que o que esses ditos médiuns relatam nada mais é que fruto de sua imaginação. No artigo Percepções da Realidade procura-se explicar o porquê de ser absolutamente natural que os relatos de diversos médiuns sobre o Plano espiritual sejam diferentes entre si, o que seria uma prova de que isso em nada serve para negar a sinceridade de tais relatos.

O plano espiritual na ficção

Vários livros e filmes procuram retratar como seria este mundo extracorpóreo. Um dos mais significativos é "Amor Além da Vida" (What Dreams May Come, E.U.A., 1998), com Robin Williams, Cuba Gooding Jr. e Annabella Sciorra. Neste filme, que difere do que diz a Doutrina Espírita em diversas obras, vemos que o ambiente espiritual é essencialmente plástico, variando de acordo com o pensamento.

Um desafio singular

Victor Zammit, advogado aposentado de Nova Gales do Sul (Austrália) e da Suprema Corte da Austrália, criou um desafio de um milhão de dólares para qualquer cético que conseguir provar a falsidade das evidências sobre o "após-vida". As condições são expostas na página do desafio.

Victor Zammit é autor de um livro intitulado "A Lawyer Presents the Case for the Afterlife" (Um Advogado apresenta o Caso do Após-Vida), o qual é disponibilizado em sua página na Internet.

uma obra escrita tambem por andre luiz com mais de 2 milhoes de copias vendidas e o nosso lar,e recentemente foi utilizado para o filme que bateu recordes de bilheteria no brasil.

Outras denominações

Tanto no movimento espírita como em outras tradições espiritualistas existem outras denominações para o Plano espiritual. Dentre elas, as mais conhecidas são:

  • Além
  • Além da vida
  • Além-túmulo
  • Após-vida
  • Dimensões espirituais
  • Mundo espiritual
  • Outro lado (da morte)
  • Outro mundo
  • Plano extra-físico

© 2011 Todos os direitos reservados.

Crie o seu site grátisWebnode